terça-feira, 14 de outubro de 2008

Berlim

Berlim è incrivelmente charmosa. A mistura do antigo e do novo, do ràpido e do vagaroso, de gente branca, preta, verde, amarela, rosa e azul me encantou.
Durante os dias que passei por là, pude acompanhar as mudanças na paisagem que marcam a passagem do outono para o inverno. As folhas das àrvores, que inicialmente estavam amarelas, se avermelharam gradativamente atè o momento em que cairam ao chao e foram suavemente carregadas pelo vento. Nos dias ensolarados, todos saem as ruas, com suas bicicletas ou para um passeio no parque aproveitando, quem sabe, os ùltimos raios de sol do ano.
Com a gente nao foi diferente, como foram gostosas as pedaladas pelas ruas da cidade. Nao posso descrever a sensaçao que tive ao passar pelo muro de Berlim, que tem estampado alguns trechos de sua història. Aliàs, as lembranças da guerra estao em todo lugar. Existem muitos museus e construçoes com suas marcas. Inclusive o prèdio onde estavamos que teve uma de suas partes bombardeada e jamais reconstruida, alèm de um porao que abrigava os moradores e uma grande escadaria que ecoa nossos passos. Quantos sons terà ela ecoado?
Lembrei muito do Favela (principalmente quando passei pela Universidade do Humbolt), da Quel e da Mila por aqui e isso me reaproximou um pouco da Geografia. Estava achando que porque nao estou estudando ou trabalhando diretamente com ela, estava totalmente distanciada. Mas fiquei feliz ao perceber que mais do que minha profissao, a Geografia è a maneira com a qual vejo e percebo as coisas. Me reanimei a busca-la mais concretamente pra minha vida.
O Brasil è que nao sai da minha vida nem se eu quizesse. Como nao podia faltar, ele tambèm està na capital da Alemanha. Pude dar uma boa vadiada numa roda de capoeira, dançar ao som do maracatu, do samba, do forrò e curtir um show do Ponto de Equilibrio.
Muita gente especial encontrei e reecontrei por là, esta mistura de gente do mundo todo e a inimaginavel receptividade com que nos entranhamos me faz crescer. Em Berlim rolaram muitas trocas, tambèm muita comida gostosa, muitos cafès da manha recheados de boa prosa e novas experiencias.
Que Sao Jorge protega meus caminhos!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

136, Victoria Drive... Eastbourne

Em Eastbourne "todas as tardes sao sempre a mesma tarde. A vila parece uma gravura (...) com ilhas dormentes, as aves sonambulas, um espantoso mar que nunca se move. A eternidade nao 'e o inesgotavel somatorio dos seculos. Ha-de-ser, ao contrario, essa ausencia de tempo". (Pequeno trecho do livro " Nacao Crioula")
Aqui o vento vai devagar, lento, suave e embala o sonho dos incontaveis velhinhos que passam as tardes a caminhar pela praia. Mas nao sopra com velocidade e forca suficientes para carregar meus sonhos e inquietacoes.
Essa semana completa-se o primeiro ciclo de minha estadia por essas bandas. O ultimo mes do verao foi pra mim gostoso, calmo, lento e acolhedor. Palavras essas que podem resumidamente descrever a vida na cidade.
Foram dias dedicados aos estudos; as caminhadas na praia ou pelas ruas da cidade, a gostosas conversas (ou tentativas de...) e aos meus pensamentos. E agora, tchau tchau Eastbourne.
Amanha me mudo pra Londres! Com certeza um mundo bem diferente me espera, mas definitivamente nao sei o que isso quer dizer...

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Eastbourne/UK



Primeiras impressoes

Aqui parece ser uma tipica cidade do interior da Inglaterra. Como aquelas que vemos nos filmes, recheadas de casas coloniais, ventos soprando forte e velhinhos simpaticos que passeam por verdes parques. Com a excepcional vantagem de ter a praia! Que nos proporciona no maximo uma gostosa caminhada acompanhada de um vento frio vindo do mar. Minha primeira semana foi chuvosa, e por isso, nao tive a oportunidade de me entranhar pelas ruas da cidade para conhecer os pequenos e peculiares detalhes.
'E verao por aqui e acabo de me certificar de que os ingleses nao o conhecem de verdade. Seguindo esse pensamento, fico realmente preocupada em supor que eu nao conheca o inverno! Porque esta frio la fora e ja sinto meus pes congelarem ao andar pelas ruas.
Estou completamente chocada porque todas as mulheres tem muitos filhos por aqui! Nunca vi tantas criancas em toda minha vida! Jovens maes sempre cercadas por seus dois, tres, quatro pimpolhinhos. Um fenomeno a ser estudado (rs). Parece que sao, resumidamente, dois os motivos pra esse acontecimento tao extranho pra mim: uma ajuda dada pelo governo para mulheres com filhos e, segundo Mark, a cultura da bebida... Hahaha... Ainda bem que eu nao bebo!
Na minha casa vive um casal com suas duas pequenas filhas. Gostei daqui, eles sao jovens, muito tranquilos, a casa 'e meio baguncada, nao existem regras rigidas e nao me tratam com pompas e frieza. So nao entendo o que as criancas dizem, faco sempre cara de "paisagem" ou de entendida quando falam comigo.
Obviamente ja encontrei brasileiros por aqui! Voces nao fazem ideia de como me sinto em casa quando estamos juntos! 'E incrivel como se juntam os grupos de mesma nacionalidade. Estao sempre em grupos os italianos, os arabes (so homens), os asiaticos, os tchecos e outros. Mas todo mundo estabelece bem a comunicacao, afinal, somos todos os 'estrangeiros'. Cheios de expectativas, receptividade, encantamentos e extranhamentos com o novo, o esperado inesperado.
A saudade esta grande! Nao sei explicar como ao mesmo tempo em que sinto os dias passarem rapidamente, conto nos dedos a hora de voltar pra casa. E ainda, como me sinto extremamente feliz e perdida nesse lugar. O tempo todo me sinto pronta para provar aquilo que ainda nao sei o que 'e, mas que espero anciosamente... Assim que descobrir eu conto!
Entao... (P.S. Cabeca: essa palavra foi pra vc!) o texto nao tem acentos (rs) porque eu definitivamente nao sei como coloca-los nos seus devidos lugares usando esse teclado. Mais uma coisa pra eu descobrir... Nossa! Que vergonha!


terça-feira, 26 de agosto de 2008

Sete Lagoas - MG/Brasil

Pôr do sol na Serra Santa Helena

S
im, a cidade tem sete lagoas. Respondendo à pergunta feita, inevitavelmente, por todos que por aqui chegam.
Será esse o meu lugar? Sim! Pelos laços familiares, de amizade e pelas maravilhosas vivências aqui experimentadas. Não! Pelas perspectivas profissionais, pelas ansiedades múltiplas e pela vontade de provar o novo, aparentemente não palpável por essas bandas. Sete Lagoas tornou-se assim meu ponto de partida. De onde saio ao encontro do desconhecido. Movida por inquietantes perguntas sem respostas. Sobre mim, sobre o mundo...
Levo muita bagagem comigo, e não é só mala não heim! Estou carregando cada pôr-do-sol visto da árvore da serra, todos os sorrisos e gargalhadas compartilhados com os bons e velhos amigos, mil e duas histórias bonitas de contar (e umas meio tortas também), o gosto tradicional do pãozin de queijo e o cheirin de peixe do fim de tarde na Lagoa Paulino.
Morrerei de saudade dos fim de noite olhando as luzes da cidade na serra, de ser acordada por Caio ou César, das cantorias na Ilha do Milito, dos papos despreocupados com os amigos e com o povo de casa e até de ir com minha mãe ao supermercado.
Sete Lagoas tem muita coisa pra ser lembrada e, por isso, pedacinhos púrpuros da vida na cidade se vão comigo. Cada um que faz parte dessas lembranças embarca agora de alguma forma na minha viagem. E por aí vamos nós...

terça-feira, 22 de julho de 2008

Mamar no mundo

Oh! mamãe,
eu quero é mamar no mundo.
Quero, papai,
saber no fundo.
Negar a boca do pai
para eu mesmo descobrir,
desesperar-me de medo
perante cada segredo

Eu sofro de juventude
essa coisa maldita
que quando está quase pronta
desmorona e se frita.

Negar tudo que é sagrado
para aprender a rezar
entrar no quarto da lua,
vestir a língua da rua.

Eu sofro de juventude (etc.)
Tom Zé